Combate ao racismo: como pessoas brancas podem ajudar?

Após a nova onda de protestos contra a brutalidade policial com pessoas pretas, surgiu o questionamento: como pessoas brancas podem combater o racismo? As pessoas brancas são 45,1% da população brasileira e beneficiam-se do sistema racista, sendo 79,7% entre o 1% mais rico da população e são 71,4% dos estudantes do ensino superior. Portanto, como fazer uso desses privilégios para dar voz a luta das pessoas pretas? Por mais que essas pessoas não sejam mortas pela polícia ou reprovadas em entrevistas de emprego por causa da cor de pele, ainda podem contribuir para a construção de um país um pouco menos racista.

Black Lives Matter Protests in New York Attract Teens | Time

O racismo é um processo que nega a dignidade de pessoas e grupos sociais devido a sua cor da pele, cabelo e outras características físicas ou origem regional ou cultural. É o racismo que perpetua a estrutura desigual de acesso a oportunidades, informações e recursos. O primeiro passo para começar a ajudar na luta contra esse sistema é reconhecer que você é racista. Não é preciso ter vergonha de assumir isso, porque após admitir o seu racismo é possível começar a se questionar como você pode colaborar para acabar com uma estrutura que tira milhões de vidas anualmente. Como explica a doutora e mestre em Literaturas Africanas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aza Njeri, você está sendo racista quando se beneficia do privilégio de sua raça, agindo em causa própria, quando se cala ou consente, ou até mesmo silenciando o outro. A história escravocrata do Brasil criou esses privilégios e toda pessoa branca usa desse passado para benefício próprio, para superar essas vantagens criada é preciso desconcentrar os capitais, direcionar investimentos para a educação de pessoas pretas e no futuro dessas mesmas pessoas. Entretanto, como fazer isso sendo um civil?
Para contraditar essa organização é essencial que haja pesquisa sobre o racismo. Tenha interesse sobre as questões sociais e ir atrás dos porquês da nossa organização, pessoas pretas não são professores da classe de antirracismo. “Acho inconcebível exigir que a negritude gaste a sua energia educando-os, sendo que eles próprios têm meios para tal. (…) Eles têm filosofia, história, literatura, tecnologia, academias pensantes capazes de fazer isso e, se não o fazem, é porque não é interessante para eles”. disse Aza Njeri. Todos vivem em uma mesma estrutura e para modificar a mesma é necessário sair da zona de confronto, pois diante do aspecto socioeconômico, da política e das instituições de segurança há sim seres humanos mais dignos que outros. Desse modo, uma das funções para indivíduos de pele branca é questionar os privilégios que recebeu em consequência dessa estrutura social, e lutar por uma sociedade democrática e igualitária. Contudo, não é apenas estudando e aprendendo que a sociedade vai mudar, deve-se agir através de políticas públicas, como cotas e distribuição de renda, e para alcançar esse objetivo você não precisa ser político. Protestos e petições são formas existentes para usar a sua cidadania e vantagem natural a favor da luta por uma sociedade com menor desigualdade racial.
Escute e dê voz a pessoas pretas. Algumas informações são obtidas de vivências e é preciso ouvir essas histórias para entender o que acontece. Todas as notícias e histórias são racializadas por nós, e vocês devem escutar e também racializá-las, não usar a falácia de que ''hoje tudo é racismo''. A cor da pele muda toda as questões em nossas vidas, facilitando-a ou piorando, portanto ver o recorte racial em todas as partes da vida é outra forma de ver seus privilégios, até mesmo dentro de movimentos sociais, visto que, por exemplo, mulheres pretas e mulheres brancas tem reivindicações diferentes.
“Se você for discutir um ‘Dia da Consciência Humana’ sem levar em consideração as diferenças que há entre o grupo negro segregado e o grupo branco que têm privilégios (…), você acaba criando um mecanismo de perpetuação das desigualdades.” - Juarez Xavier, chefe do Departamento de Comunicação Social da Unesp.

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